José “Pepe” Mujica, ex-presidente do Uruguai, morreu nesta terça-feira (13), aos 89 anos. Ele faria 90 anos no próximo dia 20 de maio.

A morte foi confirmada pelo atual mandatário do país, Yamandú Orsi. “Sentiremos muita falta de você, querido velho”, escreveu Orsi nas redes sociais. “Obrigado por tudo e pelo seu profundo amor pelo seu povo”.

Em abril de 2024, Mujica revelou que enfrentava um tumor no estômago. Segundo ele, o órgão estava “muito comprometido”.

Além disso, convivia há mais de duas décadas com uma doença autoimune que afetava os rins. O quadro era considerado “duplamente complexo”.

Nascido em Montevidéu, em 1935, Mujica entrou para a militância ainda jovem. Nos anos 1960, integrou o Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros.

O grupo, de orientação guerrilheira, ficou conhecido por assaltar bancos e distribuir os recursos entre os mais pobres.

Ferido quatro vezes em confrontos, Mujica escapou da prisão duas vezes. Foi recapturado em 1972 e passou 14 anos preso.

Durante a ditadura militar uruguaia, viveu anos em solitárias e sofreu torturas. Era um dos “reféns” do regime, ameaçado de execução.

Foto: Reprodução/ Xadrez VerbalColagem de fotos atribuídas como de “Pepe” Mujica | Imagem: Reprodução/Xadrez Verbal

Libertado em 1985 com a anistia, trocou a luta armada pela política institucional. Fundou o Movimento de Participação Popular (MPP).

Foi eleito deputado em 1994 e senador em 1999. Em 2005, tornou-se ministro da Agricultura no governo de Tabaré Vázquez.

Em 2010, Mujica assumiu a presidência. Seu governo ampliou os gastos sociais e aumentou em 250% o salário mínimo.

Foi também em seu mandato que o Uruguai legalizou a maconha, uma iniciativa pioneira na América Latina.

Chamou a atenção internacional pelo estilo de vida modesto. Recusava luxos e dirigia seu próprio Fusca até o palácio presidencial.

Morava com a esposa, Lucía Topolansky, num sítio nos arredores da capital. Doava boa parte de seu salário para causas sociais.

Afastou-se da política em 2020 por motivos de saúde. Passou os últimos anos entre plantas, cultivando sua horta com dedicação.

Foto: Pamir EnergyMujica era conhecida por levar uma vida simples ao lado da esposa | Foto: Pamir Energy

Embora ateu, dizia sentir reverência pela natureza. “Sou quase panteísta”, declarou certa vez, em entrevista.

Com sua morte, a América Latina se despede de um símbolo da ética na política. Mujica deixa um legado de coerência e simplicidade.