Após China e União Europeia, Argentina é o 3ª a vetar compra de aves do Brasil
Frangos para abate em frigoríficos de Mato Grosso do Sul (Foto: Divulgação/Semadesc)

A Argentina também suspendeu nesta sexta-feira (16) as importações de produtos e subprodutos de origem aviária do Brasil, tornando-se o terceiro a adotar a medida após a confirmação do primeiro foco de gripe aviária em uma granja comercial no município de Montenegro, no Rio Grande do Sul. A suspensão foi anunciada pela Sanasa (Agência sanitária argentina), poucas horas após a confirmação do caso pelo Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária).

A Argentina suspendeu as importações de produtos avícolas do Brasil após a confirmação de um foco de gripe aviária em uma granja comercial no Rio Grande do Sul. A medida, anunciada pela agência sanitária argentina, segue as restrições já impostas pela China e pela União Europeia, gerando preocupação no setor avícola brasileiro. A região afetada está a cerca de 620 quilômetros da fronteira com a Argentina, que, embora não seja um dos principais mercados para o frango brasileiro, importou US$ 6,1 milhões em aves vivas nos primeiros quatro meses de 2025.O Brasil exportou US$ 2,03 bilhões em carne de frango no primeiro trimestre de 2025, com destaque para Mato Grosso do Sul, que registrou alta de 33% na receita. A China, responsável por 16,3% das exportações do estado, suspendeu as compras por 60 dias. O governo brasileiro negocia com parceiros comerciais para limitar os embargos à área afetada, seguindo o Plano Nacional de Contingência. Até o momento, não há novos focos da doença em outras granjas.

O embargo argentino se soma às suspensões já adotadas pela China e pela União Europeia, o que acende um sinal de alerta para o setor avícola brasileiro. A região afetada, no Sul do país, está localizada a cerca de 620 quilômetros da fronteira com a Argentina.

Em 2024, o Brasil exportou US$ 20,7 milhões em aves vivas para a Argentina. Apenas nos primeiros quatro meses de 2025, os embarques somaram US$ 6,1 milhões. No caso de cortes congelados de aves, o valor exportado ao país vizinho foi de US$ 13,6 milhões em 2024 e já chegou a US$ 17,7 milhões em 2025, segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

Apesar disso, a Argentina não figura entre os principais mercados do frango brasileiro, ocupando a 54ª posição entre os compradores. Outros países sul-americanos, como o Chile (13º colocado) e o Peru (22º), ainda não anunciaram restrições. Em 2024, o Chile comprou 111,6 mil toneladas de carne de frango brasileira, enquanto o Peru adquiriu 55,1 mil toneladas, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal.

A situação preocupa especialmente estados exportadores como Mato Grosso do Sul, que teve forte desempenho no primeiro trimestre de 2025. De janeiro a março, o estado exportou 49,6 mil toneladas de carne de frango, com faturamento de US$ 103,3 milhões, alta de 33% na receita e 27% no volume em relação ao mesmo período de 2024.

A China, que suspendeu as compras por 60 dias, foi responsável por 16,3% da receita estadual com as exportações de carne de frango no primeiro trimestre, com a compra de 7,17 mil toneladas. Já países europeus como Reino Unido, Holanda e Suíça compraram quase 7,5 mil toneladas de frango sul-mato-grossense no mesmo período, gerando receita de cerca de US$ 20 milhões.

Em nível nacional, o Brasil exportou US$ 2,03 bilhões em carne de frango nos primeiros três meses de 2025, 21% acima do registrado no mesmo período de 2024. Foram embarcadas 1,33 milhão de toneladas, volume 13,6% maior. Mato Grosso do Sul respondeu por 4,1% da receita total e ocupa a sexta posição entre os maiores exportadores do país.

O governo brasileiro segue negociando com os parceiros comerciais para limitar os embargos à área afetada, em um raio de até 10 quilômetros, conforme as diretrizes do Plano Nacional de Contingência. Países como Japão, Emirados Árabes, Arábia Saudita e Reino Unido já adotaram o modelo de regionalização. O Ministério da Agricultura busca que o mesmo seja aplicado por China, União Europeia e Argentina. Até o momento, não há registro de novos focos da doença em outras granjas comerciais.