As investigações da Polícia Federal sobre fraudes no INSS ganharam novo fôlego com a apreensão de 20 cadernos pertencentes a Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”.
Segundo a colunista Malu Gaspar, os cadernos foram encontrados no escritório de Antunes e contêm anotações consideradas pelas autoridades como provas centrais da Operação Sem Desconto.
As informações registradas pela secretária de Antunes descrevem repasses de propina a servidores do INSS, que teriam colaborado com fraudes em aposentadorias.
Em destaque, aparecem os nomes “Virgílio 5%” e “Stefa 5%”, que a PF associa ao procurador-geral Virgílio Oliveira Filho e ao ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto.
Ambos foram afastados por decisão judicial na semana passada, mas apenas Oliveira Filho é citado em supostas recompensas diretas, como a doação de um carro de luxo.
Não há, até o momento, evidência concreta de pagamentos a Stefanutto, embora seu nome conste entre os registros investigados.
As revelações aumentam a tensão em Brasília e respingam na recente escolha de Wolney Queiroz para o Ministério da Previdência.
Em 2021, Queiroz apoiou uma emenda que afrouxou controles sobre descontos associativos em benefícios do INSS — justamente o foco da fraude agora revelada.
A medida prolongou de três para cinco anos o prazo de revalidação dos descontos, criando brechas exploradas por entidades investigadas.
Diante do escândalo, a oposição se mobiliza para instalar uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) no Congresso.
O grupo afirma já ter colhido 211 assinaturas, mas depende de leitura formal do pedido por Davi Alcolumbre, presidente do Senado.
Alcolumbre, no entanto, acompanha o presidente Lula em viagem oficial à Rússia, o que pode atrasar os trâmites.
A oposição decidiu propor uma CPMI após o presidente da Câmara, Hugo Motta, informar que uma CPI teria que aguardar na fila, conforme o regimento da Casa.
Paralelamente, o presidente Lula promoveu mudanças ministeriais nesta segunda-feira, com a saída de Cida Gonçalves do Ministério das Mulheres.
Márcia Lopes assumiu a pasta sob a justificativa de melhorar a articulação com o eleitorado feminino, cuja avaliação do governo tem caído.
Pesquisa da Quaest de abril mostrou que a reprovação de Lula entre as mulheres ultrapassou a aprovação pela primeira vez desde a eleição.