Após a mobilização do vereador Jean Ferreira (PT), a Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande disponibilizou, nesta segunda-feira (24), os dados epidemiológicos atualizados sobre infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) no município. A entrega das informações ocorreu após uma reunião com a secretária de Saúde, Dra. Rosana Leite, e marca um avanço na busca por transparência e subsídios para políticas públicas eficazes na área da saúde sexual e reprodutiva.

A solicitação teve início na última quinta-feira (20), durante sessão na Câmara Municipal, quando Jean apresentou um requerimento pedindo um panorama atualizado dos indicadores de ISTs, como HIV, sífilis e HPV. O último boletim público disponível no site da Secretaria Municipal de Saúde datava de 2020, o que motivou a ação do vereador. “Nosso objetivo é ter clareza para orientar políticas públicas que previnam infecções, direcionem recursos e melhorem a saúde de todos”, afirmou Jean. Apesar de o pedido inicial ter sido vetado pela base governista da prefeita Adriane Lopes (PP), com 11 votos contrários contra 10 favoráveis, o diálogo com a Secretaria de Saúde foi aberto e resultou na entrega dos dados.

Jean destacou que as informações recebidas serão agora analisadas e organizadas em um material acessível à população, além de servir como base para propor soluções práticas. “Queremos que os moradores de Campo Grande conheçam a realidade local e participem das soluções”, ressaltou.

A iniciativa ganha ainda mais relevância diante do cenário preocupante apontado por dados do Ministério da Saúde. Campo Grande registra 22,3 casos de HIV para cada 100 mil habitantes entre jovens de 15 a 24 anos, uma das maiores taxas do país nessa faixa etária. A sífilis atinge 112,7 casos por 100 mil habitantes, enquanto a sífilis congênita chega a 20,8 casos por mil bebês nascidos vivos. Já o HPV afeta cerca de 30% dos adultos jovens da capital.

A entrega dos dados também ocorre em um contexto de desafios para a saúde pública municipal. Recentemente, o programa “A Hora É Agora”, que oferecia testes e atendimento a pacientes com HIV em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), sofreu impactos devido a cortes bilionários no Plano de Emergência para o Alívio da Aids, uma iniciativa do governo norte-americano que foi cortada na gestão de Donald Trump. Jean alertou que a falta de recursos, somada ao período de Carnaval, pode agravar os índices de infecção e pressionar ainda mais o sistema de saúde.

A votação do requerimento na Câmara expôs divisões entre os parlamentares. O líder da prefeita, vereador Beto Avelar (PP), justificou o veto afirmando que “há temas mais importantes” e prometeu solicitar os dados por ofício. Já Otávio Trad (PSD), outro voto contrário, disse ter buscado os números diretamente com a secretária Rosana Leite. Por outro lado, Ronilço Guerreiro (Pode), que votou a favor, elogiou a iniciativa de Jean, que chamou de “essencial para a saúde pública”.

Com os dados em mãos, Jean planeja transformar as informações em ações concretas, com campanhas de conscientização e políticas públicas de prevenção, detecção e tratamento, visando tornar Campo Grande uma referência nacional no combate ao HIV e às ISTs.