Levantamento do Instituto Combustível Legal, maior índice de adulteração foi de diesel, 17,9% do total

Combustível adulterado afetou 17,8 mil veículos em MS em 2024, aponta pesquisa
Nelson relembra prejuízo de R$ 1 mil para trocar peça depois de abastecer com combustível adulterado (Foto: Marcos Maluf)

Em Mato Grosso do Sul, 17,8 mil veículos foram impactados por conta do uso de combustível adulterado no ano passado, a maioria no uso de diesel, 17,9% do total. Os dados fazem parte de levantamento realizado pelo ICL (Instituto Combustível Legal), que mostra impacto nacional em 643 mil veículos.

Em Mato Grosso do Sul, 17,8 mil veículos foram afetados por combustível adulterado em 2024, com 17,9% dos casos envolvendo diesel. O levantamento do Instituto Combustível Legal (ICL) revelou que, em nível nacional, 643 mil veículos foram impactados, com 60% das fraudes concentradas em seis estados.O ICL, que monitora o mercado de combustíveis, estima que as fraudes geram um prejuízo anual de R$ 30 bilhões. O presidente do instituto, Emerson Kapaz, acredita que a situação pode melhorar em 2025 com fiscalizações mais rigorosas. Motoristas relatam prejuízos significativos devido à adulteração, reforçando a necessidade de maior atenção ao abastecimento.

De acordo com pesquisa obtida pelo Campo Grande News, o levantamento foi realizado com base em 3.947.040 abastecimentos realizados em Mato Grosso do Sul, de janeiro a dezembro de 2024, sendo 418.596 abastecimentos com gasolina e 3.528.444 com diesel no Estado.

Do total dos 17.870 veículos impactados, 7.431 foram abastecidos com gasolina, o que representa 1,76% do chamado “índice de não conformidade”. O uso de diesel adulterado foi registrado em 10.439 veículos, percentual de 17,90% da “não conformidade”.

Em âmbito nacional, conforme levantamento feito em 18 estados do País, quase 80 milhões de abastecimentos de veículos, com gasolina e diesel, contaram com combustível adulterado, segunda maior marca em cinco anos, segundo dados totais divulgados pela Folha.

Cerca de 60% das fraudes ocorreram em Mato Grosso do Sul, São Paulo, Bahia, Alagoas, Rio Grande do Sul e Amapá.

Conforme dados anteriormente divulgados pelo ICL, o setor de combustíveis é impactado por práticas ilícitas que comprometem a arrecadação tributária e afetam a concorrência legal do mercado. Segundo o presidente do instituto, Emerson Kapaz, as fraudes e a sonegação geram prejuízo anual de aproximadamente R$ 30 bilhões.

“A tendência é que haja uma queda em 2025 com fiscalizações mais assertivas e um trabalho de inteligência entre setor privado e autoridades”, disse Kapaz, em entrevista à Folha. Segundo ele, o ICL fortaleceu a parceria com a ANP (Agência Nacional do Petróleo), para que equipamentos de campo apoiem na detecção do teor das misturas do biodiesel no diesel e, até mesmo, do quantitativo de metanol.

Combustível adulterado afetou 17,8 mil veículos em MS em 2024, aponta pesquisa
Músico sempre abastece no mesmo posto e ensina: “quando é muito barato, tem que desconfiar” (Foto: Marcos Maluf)

Nas ruas de Campo Grande, é fácil encontrar quem sofreu prejuízo por abastecer com combustível adulterado.

“Já tive prejuízo terrível”, lembra o motorista de aplicativo Nelson Castro Souza, 53 anos. Em dezembro do ano passado, durante uma viagem, abasteceu com gasolina em um posto que encontrou na estrada. “Andei 400 metros e o carro falhou”, contou. Na oficina mecânica, na verificação do produto, o líquido se dividiu em três: graxa, água e combustível. Gastou R$ 1 mil para a troca dos quatro bicos injetores que ficaram entupidos. “Agora vou no mesmo posto ou rede e pego, vou na mesma bomba e no mesmo frentista”.

Quem também teve prejuízo foi o músico Fernando Sanchik, 56 anos, da dupla Américo e Nando. Lembrou que o carro começou a dar problema, foi ao mecânico e gastou cerca de R$ 200 com cabo e vela. “E não era nada disso, no fim das contas, era o combustível”. Depois disso, se tornou mais atento. “Sempre procuro abastecer no mesmo posto; quando a gasolina é muito barata, fora do padrão, já tem que desconfiar”.

Combustível adulterado afetou 17,8 mil veículos em MS em 2024, aponta pesquisa
Fraude e sonegação geram prejuízo anual de R$ 30 bilhões, segundo instituto (Foto: Marcos Maluf)

O instituto – O ICL é uma entidade sem fins lucrativos que faz monitoramento do mercado, apoio à fiscalização e o combate a práticas ilícitas como fraudes, sonegação e adulteração de combustíveis. O instituto também realiza pesquisas, campanhas de conscientização e colabora com órgãos públicos e entidades privadas com objetivo de fortalecer a cadeia de distribuição de combustíveis.

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