Durante entrevista coletiva realizada em Pequim, capital da China, na terça-feira (13.mai.25), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou o acordo firmado entre Estados Unidos e China para a redução de tarifas comerciais. O entendimento foi anunciado após uma rodada de negociações entre representantes dos dois países, realizada dois dias antes, na Suíça.
Segundo Lula, o acordo demonstra que o caminho da diplomacia e do diálogo deveria ter sido buscado desde o início. “Se os EUA tivessem conversado antes com a China, tudo teria sido mais fácil, menos penoso para o mundo. A sabedoria sempre nos leva à mesa de negociação”, afirmou.
O presidente defendeu ainda o papel da Organização Mundial do Comércio (OMC) como principal espaço para discutir tarifas comerciais e evitar medidas unilaterais que afetam o comércio global.
Pelo acordo, os EUA reduzirão as tarifas extras contra produtos chineses de 145% para 30%, enquanto a China diminuirá suas taxas adicionais de 125% para 10%. A medida representa um importante passo para aliviar tensões econômicas e estabilizar os mercados.
LULA PEDE FORTALECIMENTO DA GOVERNANÇA GLOBAL
Durante a entrevista, Lula voltou a defender a revitalização das instituições multilaterais, como a ONU, principalmente diante dos desafios globais como o aquecimento do planeta. “Se a ONU não tiver força, a questão climática vai continuar sendo tratada de forma secundária. A gente decide nas COPs, mas nada muda. Isso cansa”, declarou o presidente.
Ele destacou que a visita oficial à China reforçou a parceria estratégica entre os dois países e uma visão comum sobre o multilateralismo. Segundo Lula, “a China é a novidade econômica e tecnológica do século XXI” e os Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) representam uma força relevante na construção de uma nova ordem geopolítica.
REGULAÇÃO DAS REDES SOCIAIS É TEMA ENTRE LÍDERES
Lula também foi questionado sobre uma conversa reservada que teve com o presidente Xi Jinping durante um jantar oficial. Ele confirmou que pediu ao líder chinês o envio de um representante ao Brasil para discutir a regulação das redes sociais, com foco no TikTok, que é controlado por uma empresa chinesa.
O presidente se mostrou incomodado com o vazamento da conversa, que ocorreu em um ambiente fechado com ministros e líderes do Congresso presentes.
Segundo Lula, sua esposa, Janja da Silva, também participou da conversa. “Ela pediu a palavra para falar sobre a violência nas redes, especialmente contra mulheres e crianças. E fez isso porque entende do assunto. Não é cidadã de segunda classe”, afirmou.
BRASIL TEM DIREITO DE REGULAMENTAR, DIZ XI JINPING
De acordo com Lula, o presidente Xi Jinping respeitou a posição brasileira. “Ele disse que o Brasil tem todo o direito de fazer a regulamentação das redes sociais.” O presidente brasileiro completou dizendo que é preciso combater os abusos cometidos no ambiente digital: “Não é possível que as redes continuem cometendo absurdos, e a gente não tenha capacidade de reagir com uma legislação”, reforçou Lula, com apoio dos parlamentares brasileiros presentes no encontro.