Deflagrada ontem (quarta-feira, 07) pela Polícia Federal (PF), para alcançar servidores da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer) envolvidos no crime de grilagem de terras da União no Pantanal, a Operação Terra Nullius atingiu também quem tentou usá-la como instrumento político de difamação. O aproveitador, no caso, é o trêfego vereador bolsonarista Rafael Tavares (PL), bastante conhecido por seu currículo de maus exemplos éticos e políticos, que até já lhe renderam a cassação do mandato de deputado estadual em 2024.

Logo ao tomar conhecimento da operação da PF e sabendo que a direção do órgão é ocupada por pessoas indicadas pelo PT, Tavares não perdeu tempo e postou memes nas redes sociais associando o partido de Lula aos crimes investigados pela operação. Foi mais um tiro certeiro do parlamentar no próprio pé. E com uma dose reforçada de vexame: além de não existir qualquer filiado ao PT envolvido, um dos alvos da batida policial é uma mulher que é sócia de doador da campanha de Tavares.
Quando constatou a patetada que fez, já era tarde. A PF já havia informado a lista dos investigados, e nela não consta o nome de qualquer servidor da Agraer que seja filiado ao PT, e sim de profissionais de carreira da agência, juntamente com empresários e especuladores imobiliários. A investigada Elizabeth Peron Coelho, dona da Fazenda Redenção, vem a ser sócia de Emory Peron Coelho Razuk.
Segundo a prestação de contas publicada pela Justiça Eleitoral, Emory Peron Coelho Razuk foi um dos doadores de dinheiro para a campanha eleitoral de Rafael Tavares em 2020, quando ele era do Republicanos e disputou uma cadeira de vereador. A doação foi de R$ 520,00. Eis:
A relação de investigados nesta operação da PF tem outro doador de candidaturas famosas: ele é Mário Maurício Vasques Beltrão, sócio da Toposat Engenharia. Ao todo, 9 pessoas caíram na mira da Polícia Federal, quatro delas servidoras da Agraer.
CALÇAS NA MÃO
Ao ser desmentido publicamente, após ser pego com as calças na mão, Rafael Tavares aumenta sua coleção de vergonha e maus exemplos na política. Antes de ter seu mandato de deputado estadual cassado pela Justiça Eleitoral – por violação da lei que reserva cotas às candidaturas de mulheres –, ele conheceu mais uma rebordosa. A 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça manteve sua condenação por crimes de incitação ao ódio, xenofobia e racismo.
O TJ aplicou a Tavares uma pena de dois anos, quatro meses e 15 dias de detenção, convertida em prestação de serviços à comunidade e pagamento de multa. O caso aconteceu em 2018. Em uma postagem de teor discriminatório nas redes sociais, ele atacou gays, indígenas, negros e japoneses. Ainda tentou, inutilmente, anular a sentença, alegando uso da liberdade de expressão. Porém, o relator do processo, José Ale Ahmad Netto, contra-argumentou, ensinando a ele que discursos de ódio não são protegidos pela liberdade de expressão.
OS NOVE ALVOS DA PF
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André Nogueira Borges – Ex-diretor-presidente da Agraer.
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Evandro Efigênio Rodrigues – Servidor da Agraer.
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Jadir Bocato – Gerente de Regularização Fundiária da Agraer.
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Josué Ferreira Caetano – Servidor da Agraer.
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Mário Maurício Vasques Beltrão – Engenheiro cartógrafo, sócio da Toposat Engenharia Ltda.
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Bruna Feitosa Beltrão Novaes – Engenheira sanitarista e ambiental, sócia da Toposat Engenharia Ltda.
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Gustavo Feitosa Beltrão – Advogado, atua nas áreas cível, imobiliária, agrária, ambiental e empresarial, ligado à Toposat.
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Nelson Luis Moia – Vinculado à empresa Toposat Engenharia Ltda.
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Elizabeth Peron Coelho – Empresária e pecuarista.