Sessão plenária da Câmara dos Deputados, de quarta-feira (15), debateu a criação de uma Comissão Temporária Externa para o acompanhamento e fiscalização da situação dos yanomamis no estado de Roraima e os garimpos existentes naquela região. O caso ganhou repercussão mundial após denúncia de genocídio. O deputado federal Marcos Pollon (PL-MS) criticou a tentativa, a todo custo, de usar a questão dos yanomamis como palco político.
Em seu pronunciamento, o deputado federal Marcos Pollon (PL), lamentou as mortes ocorridas na região ressaltando o trabalho pelos povos originários da colega, deputada Silvia Waiãpi. “É muito triste a realidade vivida pelos povos yanomamis. A deputada Silvia viu o sofrimento nos olhos de seu povo, ela trabalhou com um grande grupo de trabalho e lutou pela proteção e dignidade dessas pessoas”.
Ele criticou a tentativa, a todo custo, da esquerda estar no poder, de usar a questão dos yanomamis como palco político. “Genocídio é o que está acontecendo no Brasil hoje, quando as pessoas morrem de fome, o pai de família que não pode se defender, genocídio é o que a esquerda fez ao longo do mundo inteiro, em Cuba, na Venezuela, na Rússia, onde pessoas morreram de fome e agora humilham nossa colega parlamentar dos povos originários do norte, usam o sangue e o sofrimento do seu povo como combustivel para proselitismo político. O que importa é a luta pelo poder a qualquer custo, ainda que isso custe pilhas e pilhas de cadáveres de povos originários, eles subirão no palanque de sangue de forma suja e abjeta, porque para eles só serve o poder. Uma hipocrisia, essa sujeira que nós não permitiremos que seja varrida para debaixo do tapete. Genocídio é prender mil pessoas sem qualquer individualização de crime, trancafia-lás sem qualquer acesso a advogado”.
Em seu discurso, a deputada Silvia Waiãpi, que foi Secretária Nacional de Saúde, ressaltou que o problema não é de hoje. “Eu sou mulher da Amazônia brasileira e vivenciei todas as atrocidades que ocorrem no norte do Brasil. Se nós tivermos que aderir essa preposição que acusa pessoas de genocídio, nós devemos arrolar os últimos governos, dos últimos 40 anos […] Coordenando 34 distritos de saúde indígena, observamos que o acesso a essas regiões é precário há mais de 40 anos. Hoje eu vejo pessoas querendo usar a questão dos nossos antepassados e dos yanomamis como palco político, para dançar e fazer festa em cima dos corpos e da memória dos nossos mortos. Isso é inadmissível. A reserva se estende a Venezuela, país que justamente por conta do governo que tem passa por uma extrema pobreza. Nós temos que levar dignidade. Nós temos que viver no século XXI e não em 1500, para controlarem o que eu penso e o que eu sinto”.
A Comissão Temporária Externa para o acompanhamento e fiscalização da situação dos Yanomamis e dos garimpos existentes naquela região, debate que ficou para a próxima sessão, irá acompanhar as investigações relacionadas ao cometimento do crime de genocídio. O território, que é limitado pela fronteira com a Venezuela a noroeste, tem quase 10 milhões de hectares e abriga mais de 28 mil indígenas.